Setor de relógios de ponto se volta para novos segmentos


3 jul 2012 - Trabalho / Previdência

Recuperador PIS/COFINS

Há apenas três meses em vigor a Portaria 1.510/2009 -do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que estipulou a substituição dos relógios de ponto eletrônicos por equipamentos que imprimem o comprovante de registro para os funcionários- fabricantes já planejam fortalecer outros segmentos de mercado. O objetivo é manter o faturamento depois da desaceleração das vendas de registradores, quando a maior parte do processo de substituição do parque instalado estiver concluída, o que deve acontecer a partir de 2013.

Empresas como Dimep, Trix Tecnologia e Trilobit lamentam a lentidão da recuperação do investimento que fizeram na adaptação da produção, após cinco adiamentos para a entrada em vigor da portaria do ministério.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Empresas Fabricantes de Equipamentos de Registro Eletrônico de Ponto (Abrep), Dimas de Melo Pimenta III, o setor vendeu até junho cerca de 350 mil equipamentos adequados à exigência do MTE. O Ministério calculava mercado potencial de 700 mil máquinas, diz ele. "Até 2 de julho é previsto que não haja autuação das empresas que ainda não se adequaram, então muitas ainda estão se adaptando", relata.

Segundo a Abrep, o faturamento do setor deverá ser de R$ 250 milhões em 2012, aumento de 20% sobre o do ano passado. "Mas a partir de 2013 começa uma queda, porque teremos grande parte do mercado já adequada", afirma.

A redução das vendas acontecerá pouco tempo depois de as empresas atingirem o payback, ponto de recuperação do investimento. O aporte somado do setor passou de R$ 100 milhões, diz Pimenta III. "Teve um custo muito elevado e o retorno está demorando a vir. O maior benefício que vamos ter, maior do que o financeiro, é a estruturação das empresas", conclui.

O setor é composto hoje por 33 empresas homologadas, de pequeno a médio porte, das quais 28 são associadas da Abrep, representando 95% do mercado.

Novos segmentos

Com mais de um terço de participação, a Dimep, empresa de Pimenta III, dobrou seu faturamento desde 2009. "Tivemos problemas de entrega devido a um desabastecimento da cadeia de suprimentos, mas agora a produção está regulada, com utilização de 85% da capacidade", diz.

Como preparação para a queda das vendas de registradores de ponto, a empresa está aumentado investimentos em pesquisa e desenvolvimento na área de controle de acesso e sistemas de estacionamento. "O investimento em 2012 está estimado em R$ 12 milhões", relata. Segundo ele, a própria implantação do novo sistema de ponto gera demanda por controle de acesso. "Empresas limitam o acesso ao local de trabalho para evitar horas extras desnecessárias."

A Dimep investiu 15% de seu faturamento em 2010 na adaptação da produção, e espera o payback para este ano.

O diretor-comercial da Trix Tecnologia, Daniel Antico, calcula que a empresa investiu, apenas na primeira etapa da adaptação, cerca de R$ 1 milhão. "Uma parte considerável de gastos que tivemos, que não pode ser considerada investimento, foi com manutenção de equipamentos, porque o desenvolvimento dele foi a toque de caixa. Isso também passou a casa do milhão", relata.

Segundo ele, a empresa, que teria de 12% a 15% de participação de mercado, já vendeu 20 mil equipamentos, e espera chegar a 70 mil unidades. O relógio de ponto representa 70% do negócio da companhia, que faturou R$ 24 milhões em 2011, tendo mantido a receita em relação a 2010, ano em que viu seu negócio dobrar.

Com a redução das vendas de registradores, a empresa aposta em controles de acesso e controles de dados para estoques. "No final de 2012 essas áreas devem crescer em importância, e em algum momento superar os relógios de ponto, mas não nos próximos dois anos", diz Antico. Com a mudança, a empresa espera manter o faturamento em 2012 e crescer 10% em 2013.

A Trilobit também calcula em R$ 1 milhão seu investimento, mas já tem no controle de acesso o seu principal negócio, que gera 70% da receita. "Por conta isso, não tivemos abalos financeiros tão graves com os sucessivos adiamentos", diz o diretor de Novos Negócios, José Dias. A empresa já vendeu cerca de 20 mil equipamentos e calcula ser possível a venda de mais 70 mil, mesmo dizendo contar com participação de mercado entre 5% e 7%.

Segundo Dias, o investimento já se pagou. "Mas demorou dois anos e meio, o que é um tempo muito longo", acredita. A empresa faturou R$ 26 milhões em 2011, queda de 25% sobre o ano anterior. Em 2012, no entanto, é esperado crescimento de 15%, devido à maior estabilidade do mercado. "Estamos voltados para consolidar a área de controle de ponto, mas no futuro podemos partir para novas áreas de controle de acesso que hoje não temos, como catracas e circuito fechado de televisão", diz.
 


Fonte: DCI – SP