Pequenas empresas formam mil centrais


9 jun 2011 - Simples Nacional

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Empresas criam redes para ganhar escala em compra, venda e exportação

Rede Construir, de material de construção, reúne 250 pequenos em 7 Estados; proprietário abre mão de decisões

Na tentativa de ganhar escala e competitividade, micro e pequenos empresários do Brasil têm aderido a uma iniciativa já difundida na Europa e nos EUA: a associação em centrais de negócios.

Estima-se que haja mais de mil centrais -também chamadas de redes- desse tipo no país, de diversos setores. O total quadruplicou desde 2007. Em 1996, eram só 38, segundo dados da consultoria GS&MD Gouvêa de Souza.
Nesse modelo, os empresários se unem para, por exemplo, negociar preços com fornecedores, ratear custos de centro de distribuição e alcançar mais mercados consumidores -até no exterior. Isso sem perder a propriedade da empresa.
Ajustes, no entanto, são necessários, como na escolha do melhor fornecedor, do volume de estoque necessário e da forma de anúncio mais adequada -e aí é onde moram as dificuldades.
"É fácil falar que é preciso abrir mão de benefícios individuais em função de um ganho maior, em grupo, mas é difícil fazer", diz Jorge Renato Verschoore, professor da Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos), RS.

PÓS-INFLAÇÃO
Antonio Fappi, que atua no ramo de material de construção, quase não tinha exemplos práticos de centrais brasileiras quando decidiu tomar esse caminho.
"Foi questão de necessidade." Em meados dos anos 1990, superada a era da hiperinflação, veio a conclusão: "Não podíamos sozinhos com os concorrentes grandes; não tínhamos escala, nem tanta variedade, nem gestão profissionalizada".
Fappi, que à época tinha uma loja com três funcionários -contando com ele-, decidiu se juntar a outros micro e pequenos empresários do mesmo segmento para formar a Rede Construir.
Hoje, a central reúne cerca de 250 lojas em 7 Estados.
Para Paulo Feldmann, presidente do conselho da pequena empresa da Fecomercio SP (Federação do Comércio do Estado de SP), a legislação precisa estimular a cultura da associação, como oferecendo vantagens fiscais.
"Na América Latina, e no Brasil, é mais comum ao pequeno empresário a visão de que o concorrente é um inimigo a ser aniquilado", diz.
Marcos Hashimoto, coordenador do centro de empreendedorismo do Insper, discorda. "Vejo uma predisposição à associação. O pequeno é mais frágil e se apoia em parcerias," afirma.
Na avaliação de Verschoore, da Unisinos, o desafio agora é a nacionalização dessas centrais. São poucas as que, como a Rede Construir, têm atuação em vários Estados. "Seria um grande impulso à exportação, por exemplo, empresas de vários locais podendo vender juntas."
Embora as micro e pequenas representem 99% do total de empresas do país, são responsáveis por 20% do PIB e 1,3% das exportações, segundo a Fecomercio.


Fonte: Folha de S.Paulo