Empresas em sociedade sobrevivem mais que as individuais


9 mar 2011 - Contabilidade / Societário

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Mais da metade das empresas abertas no estado são de sociedades limitadas. E embora continuar uma sociedade seja considerado um desafio muito mais complicado do que desenvolver um empreendimento sozinho, os números mostram que as chances de sucesso são maiores quando se tem um ou mais parceiros. De acordo com a Junta Comercial do Paraná, no ano passado, 54.954 empresas foram abertas - 60,02% sociedades. No mesmo período 37,92% no regime de sociedades fecharam, contra 46,46% de empresas com um único proprietário.

Considerando que a mortalidade de pequenas e médias empresas no Paraná, segundo o Sebrae, gira em torno dos 50%, mesmo índice nacional, o desempenho das sociedades chama a atenção. Especialista em direito Societário, o advogado Tiago Torres, do escritório Grassano & Associados, explica que a sociedade é um sistema jurídico utilizado por empresas de todos os portes, inclusive as micro e pequenas. E um dos motivos do sistema representar o maior número de empresas está na legislação. ''Uma sociedade oferece mais benefícios jurídicos. Enquanto que, em empresas com um único dono, o proprietário responde solidariamente com seu patrimônio pessoal; em uma sociedade a responsabilidade se limita aos bens da empresa, preservando os sócios'', afirma.

Se por um lado o sistema garante mais fôlego aos proprietários, de outro, além dos desafios comuns a qualquer empreendimento como a escolha do nicho correto e uma boa administração, a sociedade exige que os sócios desenvolvam uma relação profissional e de confiança mútua.

O presidente do SESCAP Londrina e empresário da contabilidade, Marcelo Esquiante conta que é comum sociedades terminarem por desentendimentos pessoais entre os donos. ''Quando o motivo da escolha do sócio leva em conta apenas a amizade, o risco é grande'', orienta.

Esquiante conta que recentemente um cliente dele abriu e fechou uma sociedade em seis meses. Tinha vendido uma casa para investir no negócio e acabou perdendo o valor investido e a amizade. Entre os 'pecados' mais comuns nas sociedades, ele cita misturar a contabilidade da empresa com a contabilidade pessoal e a contratação de parentes para a equipe.

Entre os principais motivos do fim de sociedades está o fato dos proprietários, na maioria das vezes, não entenderem a diferença entre capital e trabalho. Os sócios que entram com um capital têm direito a uma retirada periódica dos lucros. E o sócio que trabalha tem direito também ao pró-labore, pago mensalmente, e que entra no custo da empresa. A periodicidade da divisão dos lucros, proporções, bem como as regras para eventuais aumentos de investimento por parte dos sócios e entrada de terceiros devem constar do contrato desde o início.

A separação conjugal também está entre os motivos mais comuns do fim de sociedades e fechamento das empresas. E isto vale também para empresas onde os sócios não são marido e esposa. Incluir cláusulas que estabeleçam a melhor forma de sucessão também é importante. Torres frisa que poucos empresários se preocupam em deixar regras claras para que os herdeiros possam ter seus direitos atendidos sem prejuízo do processo de gestão e da continuidade da empresa. ''Cada sociedade tem suas particularidades e exige a formalização detalhada da relação comercial. Tudo tem de ser pensado, desde o início, para que a empresa continue existindo e crescendo'', reforça.


Fonte: Sindicato das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações, Pesquisas e Serviços Contábeis de Londrina