Auditorias criam programas para reter futuras líderes em seus quadros


15 out 2010 - Contabilidade / Societário

Substituição Tributária

Recursos humanos: Horário flexível, home office e coaching para mães são algumas das iniciativas.
 

A diminuição gradual do número de executivas nos quadros das auditorias, principalmente na fase profissional em que ocupariam cargos de liderança, está fazendo com que as companhias invistam em programas que ajudem a manter as mulheres por mais tempo. O objetivo é combater o mito de que é preciso optar entre vida pessoal e vida profissional. As iniciativas vão desde aconselhamento e coaching até flexibilização de horários e home office para grávidas e mães com filhos pequenos.

É o caso da auditoria KPMG que inaugura este mês um comitê de mulheres. Inspirada em experiências similares nos Estados Unidos e Europa, a equipe brasileira conta hoje com 23 executivas que ocupam cargos de diretoria ou sociedade na empresa. A ideia é acompanhar as profissionais durante os desafios ao longo da carreira. "Normalmente a mulher entra como trainee e vai se desenvolvendo. Quando está em um cargo mais sênior, essa executiva começa a pensar mais seriamente em casamento e maternidade. É quando muitas se afastam da trajetória profissional que planejaram", afirma Carla Bellangero, sócia da KPMG e líder do comitê.

Mãe de dois filhos, a executiva explica que é cada vez mais comum o embate entre vida familiar e profissional. Por este motivo, o grupo foi formado para discutir o quanto é possível conciliar ambas as aspirações, levando em consideração o desejo de ser uma executiva e o talento profissional.

Com a criação do comitê, a empresa vai acompanhar, por meio de uma integrante do grupo, a trajetória de mães executivas desde o início da gravidez até o primeiro ano do bebê. Além de ser aconselhada, a "tutorada" poderá negociar uma melhor logística no serviço, flexibilização de horários e até mesmo o trabalho em casa. "Também preparamos a mulher para a volta após o início da maternidade e para o conflito psicológico que ela pode sofrer nesse momento", afirma Carla.

A flexibilização de horários também é realidade na Ernst & Young Terco. De acordo com o diretor de recursos humanos Armando Bordallo, a empresa possibilita diferentes cargas de trabalho para as mulheres com filhos de até um ano. Uma delas é a redução de horários com corte proporcional na remuneração. Essa foi a escolha da gerente sênior Diana Quintas, que trabalhou por períodos reduzidos após a gestação de Felipe, de 4 anos, e Lara, de 1 ano e 10 meses.

A opção por se dedicar à família e ao trabalho teve resultados. Desde a primeira gravidez, a executiva foi promovida duas vezes. "A empresa estimulou a minha carreira. Mesmo trabalhando em período reduzido, eu conseguia ficar totalmente focada profissionalmente", afirma. O diretor de RH avalia que o impacto da flexibilização é muito claro na carreira das executivas. "O programa permite à mulher uma continuidade da carreira com um nível de satisfação muito alto", diz.

Na KPMG, o recém-criado comitê prepara uma nova etapa de discussões sobre a questão feminina. O grupo realizará, no dia 8 de novembro, um evento para presidentes e diretoras de diversas empresas com o objetivo de discutir temas como macroeconomia, desafios atuais das empresas e o papel das mulheres na carreira executiva.


Fonte: Valor Econômico