Indústria moveleira e varejistas reivindicam alíquota zero ao setor


2 jul 2014 - ICMS, IPI, ISS e Outros

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O governo federal anunciou, na segunda-feira a manutenção em 4% — um ponto abaixo do padrão de 5% — do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para móveis, painéis e revestimentos. Apesar da extensão do período de alíquota reduzida até 31 de dezembro, o setor moveleiro esperava obter desoneração completa tendo em vista as dificuldades encontradas no primeiro semestre de 2014. Até abril, os últimos dados consolidados pela Associação das Indústrias de Móveis do Rio Grande do Sul (Movergs) indicaram redução de 7,3% na produção nacional. A indústria gaúcha praticamente estagnou no mesmo período, com evolução de apenas 0,6%.

“Recebemos a notícia como um alento, um benefício. Mas entendíamos que, pelo momento que estamos passando, com focos de demissão e um primeiro semestre negativo na produtividade e no consumo após muitos anos, o governo poderia abrir mão de toda a carga tributária de IPI até o setor se recuperar de uma maneira geral”, afirmou o presidente da Movergs, Ivo Cansan. No segundo semestre, os moveleiros irão insistir na redução a zero do imposto. “O Ministério da Fazenda deixou aberta a possibilidade de negociarmos para mostrar porque precisamos que o governo abra mão definitivamente dessa alíquota”, completou. 

Cansan atribuiu ao momento instável da economia brasileira os maus resultados obtidos neste ano, principalmente ao aumento dos juros e a falta de controle sobre a inflação. A projeção, a curto prazo, é de ligeira melhora, mas a estabilidade passa por políticas de planejamento perene. “Apenas a manutenção do IPI reduzido não é suficiente para recuperar o setor. Precisamos de melhorias em infraestrutura e logística, que, atualmente, deixam nosso produto com custo bem mais elevado do que o do centro do Brasil. Além disso, a importação de matéria prima encarece em 8% os móveis gaúchos. Precisamos atrair matrizes produtivas, como a de painéis, ao Estado, para melhorar nossa competitividade”, destaca.

Para o diretor comercial da D’Linea Móveis, Éverton Sbruzzi, a continuidade servirá apenas como medida paliativa para tentar reverter o quadro ruim dos primeiros seis meses do ano. “O varejo moveleiro teve momentos ruins devido ao Carnaval ter sido realizado em março, adiando o retorno das férias, e as paralisações com a Copa do Mundo. Deveremos ter um segundo semestre em torno de 15% a 20% superior em vendas, se comparado ao primeiro. Contudo, este crescimento não está atrelado apenas à manutenção do IPI, mas sim ao fim destes eventos e a uma possível retomada da normalidade da vida da população”, afirma.

De acordo com Carmen Flores, presidente do grupo de mesmo nome, o anúncio do governo federal não irá recuperar as perdas dos lojistas. Sua rede de varejo, por exemplo, teve queda de 30% nas vendas no acumulado do ano até agora, em comparação com o mesmo período do ano passado. “Foi o pior semestre dos últimos cinco anos, nunca vimos um varejo tão sofrível na área moveleira, inclusive com muitas lojas fechando. Precisamos de um impacto maior, pois temos até agora um ano com vendas represadas. O que de fato nos traria algum benefício seria o IPI zero”, reclama.


Fonte: Jornal do Comércio – RS