Briga de sócios afeta mais micro e pequena empresa


11 jul 2011 - Contabilidade / Societário

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Desavenças estão entre as principais causas de fechamento dos negócios



As constantes viagens pessoais do sócio deixavam todo o processo de decisão nas mãos de Alexandre Cymbalista, 39. Sobrecarregado, decidiu acabar com uma sociedade firmada havia cinco anos com seu ex-chefe na agência de turismo Latitudes.
Para o lugar do sócio anterior, o executivo convidou Dedé Ramos, guia turístico da agência. "Eu tenho experiência empresarial, e ele, conhecimento prático do negócio", destaca Cymbalista, que assegura manter a amizade com o antigo parceiro.
Discussões entre sócios são comuns no ambiente empresarial, segundo especialistas. No entanto, micro e pequenas empresas -que compõem as sociedades limitadas- são as mais afetadas por fissuras na estrutura societária.
Levantamento feito pelo Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) para a Folha aponta que de 2009 a 2010 houve alta de 2% (de 316.642 para 322.895) no total de sociedades de micro e pequeno portes no Brasil. O índice de empresas fechadas, contudo, subiu 5% -foi de 85.424 em 2009 para 89.785 em 2010.
Entre médias e grandes empresas (anônimas), a quantidade de sociedades criadas subiu 21% (de 2.017 para 2.438) no período. Mas o total de organizações desses portes fechadas caiu 65% -de 985 para 344.
O mesmo ocorre em 2011. Nos quatro primeiros meses deste ano, segundo a Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo), o total de sociedades limitadas criadas na capital paulista aumentou 5% (de 8.230 para 8.646).
O índice de baixas, porém, teve crescimento de 8% (de 2.033 para 2.192) -16 pontos percentuais acima do de organizações de grande porte.

ROMPIMENTO
A briga de sócios está entre as principais causas de fechamento das empresas, segundo José Constantino Júnior, presidente da Jucesp -perdendo para equívocos no planejamento financeiro do negócio e falta de capital.
As sociedades limitadas são mais sensíveis a discussões societárias porque as relações entre as equipes são mais próximas, diz a advogada Maria Carolina Araújo.
"Alguns micro e pequenos empresários criam negócio por necessidade financeira, o que aumenta o risco de a empresa e de a parceria não darem certo", diz Constantino.

 

Família pode intensificar guerra na empresa

DE SÃO PAULO

Casados há oito anos, Rodrigo, 38, e Fabiana Geammal, 37, compartilham não só a vida a dois mas também a gestão de um negócio. Mas houve momentos em que separação e dissolução da sociedade pareciam iminentes.
Há quatro anos, quando o empreendedor deixou o modelo de empresa individual para abrir sociedade com a mulher, as brigas por questões profissionais somaram-se às discussões de casal.
"Cheguei a pedir divórcio porque não conseguia conciliar problemas pessoais e profissionais", lembra o dono da Elos Cross Marketing. Para impedir que as disputas do relacionamento afetivo e as da sociedade se misturassem, o empresário afirma ter parado de falar de trabalho em casa e também do casamento na empresa.
Segundo José Carlos Ferreira, coordenador do núcleo de empresas familiares da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), discussões entre sócios da mesma família são comuns e podem trazer sérios prejuízos financeiros à organização.
"Entretanto, quando a relação é tranquila, a sociedade tende a trazer agilidade e crescimento à companhia."
É o que considera Dora Ramos, 45, sócia da Fharos Assessoria Empresarial.
Para ganhar produtividade e novos clientes, ela abriu sociedade com o irmão. "É difícil ter afinidade com quem não conheço bem", considera a empresária.

 

Arbitragem é opção para agilizar solução de impasses societários

DE SÃO PAULO

Em busca de solução rápida e anônima para a resolução de conflitos societários, empreendedores estão recorrendo a métodos extrajudiciais como a arbitragem.
De acordo com Aldo Telles, coordenador da Cbmae (Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem), o índice de conciliação em tribunais de arbitragem é mais alto que o do Judiciário.
"O maior benefício é o sigilo do processo", explica ele.
A Fecomercio Arbitral tem parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) para tornar a arbitragem acessível a microempresários.
O desconto oferecido nas taxas de registro (de R$ 500 a R$ 5.000) e de administração (cerca de 5% do valor do processo) é de até 50%.

 

Organização de proprietário único espera por sanção da presidente

DE SÃO PAULO

O projeto de lei que permite a abertura de uma empresa de responsabilidade limitada por uma única pessoa, aprovado pelo Senado em junho deste ano, aguarda sanção da presidente Dilma Rousseff. Ela tem até a próxima terça-feira (12/7) para aprovar ou rejeitar o modelo.
O objetivo do projeto é evitar que empresários criem sociedades somente para atender a exigências jurídicas e, assim, ponham o patrimônio pessoal em risco.
Atualmente, para abrir uma empresa limitada, o empreendedor precisa ter, ao menos, um sócio.
A empresa terá a expressão Eireli (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada) em sua denominação social.

 

REGISTROS
NECESSÁRIOS

O que fazer antes da dissolução da sociedade

- Documentar o índice de participação dos sócios
- Definir regras para a saída de um dos parceiros
- Estabelecer normas rígidas para a venda de parte do negócio a terceiros
- Criar manual de conduta, com regras para uso do caixa, por exemplo


Fonte: Folha de S.Paulo