Ao varejo, Dilma sinaliza contra jornada de 40h


9 mai 2014 - Trabalho / Previdência

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A presidente Dilma Rousseff deu sinais ontem a cerca de 80 executivos de varejo reunidos em São Paulo de que não apoia a redução da jornada semanal de 44 horas para 40 horas. Ela também teria dito que, no atual momento, não é possível ampliar para outros setores os benefícios da desoneração da folha de pagamentos, mas que aqueles que já o desfrutam devem mantê-lo de maneira definitiva.

Entre os setores que pleiteiam uma fórmula que lhes permita adotar a desoneração estão os de farmácias e de grandes supermercados, com faturamento superior a R$ 15 bilhões. Pelo cálculo atual, as grandes redes supermercadistas acabariam perdendo dinheiro se adotassem a desoneração sobre a folha.

Ela [Dilma] considera a desoneração uma conquista permanente , disse Flavio Rocha, presidente do IDV.

Mas para aumentar mais precisa de fôlego, e atualmente não é possível , disse Luiza Trajano, presidente do Magazine Luiza.

Dilma participou de encontro promovido pelo Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV). Na pauta da reunião foram discutidas algumas demandas do setor.

Segundo o diretor da Leo Madeiras, disse Hélio Siebel, a presidente não vê sentido em reduzir a jornada semanal.

[Uma das demandas] é a preocupação com a redução das 44 horas semanais para 40. Ela [Dilma] foi explícita em dizer que não vê sentido em uma redução dessas num momento em que o Brasil está em pleno emprego. E, portanto, onde você arrumaria mão de obra para cumprir as outras horas? , disse Siebel.

Segundo ele, Dilma também ouviu com simpatia as demandas em relação à flexibilização da jornada de trabalho que favoreça o trabalho em tempo parcial.

A recepção de Dilma aos temas foi positiva e até um pouco surpreendente , disse Siebel. Para Flavio Rocha, do IDV, Dilma mostrou sensibilidade para a questão do custo Brasil , para reinserir o Brasil no comércio mundial.

Mais cedo, em Brasília, o Ministro da Educação, Henrique Paim, afastou eventual conotação eleitoral no lançamento, no fim de maio, da segunda fase do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), anunciada ontem por Dilma como Pronatec 2.0 . O anúncio foi feito pela manhã durante interação virtual por meio da página do Palácio do Planalto no Facebook. Na ocasião, Dilma fez nova defesa para que o programa se torne uma política de Estado .

A educação de jovens aliada à qualificação profissional é uma das principais bandeiras da presidente para a campanha pela reeleição, que terá início oficialmente em junho. Em função disso, Dilma determinou ao ministro que seja apresentado uma série de aperfeiçoamentos para o programa. A nova etapa do programa ainda está sendo elaborada pelo ministério, que não estima ainda sequer a meta do Pronatec 2.0 . O governo trabalha com a realização de 8 milhões de matrículas até o fim deste ano, quando o governo terá aplicado um total de R$ 14 bilhões desde 2011.

Não sabemos ainda [a meta]. Vamos lançar um outro Pronatec, porque a pactuação do Pronatec para 2015 já começa em 2014. Então, precisamos ter oPronatec 2.0 , disse ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, o Ministro da Educação. Como eu preciso fazer a pactuação no ano anterior, porque em janeiro eu começo a ofertar vaga, todo ano eu ano eu tenho uma pactuação. Vai haver um aperfeiçoamento , acrescentou. Paim afirmou que a criação de cursos na nova etapa do programa para melhorar a gestão de microempreendedores individuais e pequenos empresários, conforme antecipou Dilma, é uma atenção que o governo terá no Pronatec 2.0 .

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), entidade parceira do programa, avaliou positivamente o anúncio feito pela presidente, apesar de ainda não ter sido chamado pelo governo para debater a elaboração da nova fase do Pronatec.


Fonte: Valor Econômico