Integrantes da Comissão de Acessibilidade do TRT-2 visita a Aldeia da Esperança


19 dez 2014 - Trabalho / Previdência

Simulador Planejamento Tributário

TRT-2 busca vencer o desafio de inclusão de deficientes intelectuais

Embora ainda necessite de muita evolução, a sociedade avança no sentido de buscar posturas cada vez mais inclusivas com todos os tipos de cidadãos, derrubando barreiras que possam impedir a integração de pessoas com deficiência. Os deficientes físicos já tiveram muitas conquistas, incluindo legislações que determinam a contratação de um percentual mínimo nos setores público e privado. Incluir os deficientes intelectuais, no entanto, ainda é um enorme desafio a ser enfrentado.

Para aprender mais sobre a integração desses cidadãos no ambiente de trabalho e estudar maneiras de trazê-los para o Tribunal Regional do Trabalho dada 2ª Região, a Comissão de Acessibilidade do órgão organizou uma visita à Aldeia da Esperança, instituição do Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar (Ciam) localizada em Franco da Rocha (SP). O encontro contou com a presença da OAT, uma organização filantrópica que desenvolve um trabalho piloto na Ciam de Jaguaré (SP), buscando o desenvolvimento e a preparação de deficientes intelectuais para a inclusão no mercado de trabalho.

A consultora técnica voluntária do CIAM, Vivian Lederman, explicou que a instituição trabalha em um modelo no qual o tripé fundamental é a individualidade, independência e autonomia dos residentes. “Cada aspecto desse tripé também é fundamental para se pensar em inclusão e inserção do deficiente intelectual no mercado de trabalho”, avalia.

Márcia Rocha Mello, diretora de inclusão no mercado de trabalho da OAT, explicou que o processo de inclusão passa por uma série de etapas. É necessário conhecer profundamente cada indivíduo, entendendo no que ele é eficiente, entender o ambiente de trabalho, os gestores e as equipes de trabalho para que a inserção resulte em produtividade e uma fase de parceria entre empresa, família e instituição, buscando entender a trajetória da pessoa e oferecer o suporte necessário para que ela se mantenha trabalhando. “A preparação para esse trabalho vai desde a descoberta da personalidade do deficiente, até o entendimento sobre como colocá-lo no ambiente de trabalho. Passa também por orientar gestores e equipes e gerenciar situações críticas”, detalha Márcia.

A desembargadora-presidente do TRT-2, Silvia Devonald, e o presidente da Comissão de Acessibilidade do órgão, Desembargador Álvaro Alves Noga, participaram da visita, comprovando a importância que a Justiça do Trabalho da 2ª Região atribui ao tema. Além deles, a juíza titular Riva Fainberg Rosenthal, a juíza inativa Vanda Ferreira da Cruz e servidores integrantes da Comissão estiveram na ocasião. Todos puderam interagir com os deficientes intelectuais residentes e ver de perto os frutos do bom trabalho desenvolvido.

Trabalho da Aldeia

Enquanto busca soluções para incluir seus assistidos no mercado de trabalho, a Aldeia da Esperança segue com um trabalho de desenvolvimento que envolve uma equipe multidisciplinar, incluindo trabalho de Fisioterapia, Educação Física, Terapia Ocupacional, Enfermagem, Fonoaudiologia, Neuropsicologia e Pedagogia. “Além disso, todos os residentes têm uma casa individual para estimular a autonomia. Cuidar da casa é um aspecto de desenvolvimento por si só”, diz Cristiano Pedroso, gerente-técnico da Aldeia da Esperança.

Durante a visita, os representantes da Aldeia comprovaram como um deficiente intelectual pode ser extremamente eficiente em algumas áreas ao mostrar alguns trabalhos artísticos desenvolvidos nas oficinas de artes. A residente Monique, por exemplo, exibia uma de suas obras de arte com orgulho para os visitantes e impressionou a todos com a qualidade de seus traços.

O residente Mizael mostrou também como é importante estimular a individualidade de cada um. Ao dialogar com um integrante da equipe de comunicação enquanto fazia um trabalho artístico com cerâmica, pediu ao mesmo que “o ajudasse a encontrar uma namorada oriental”. Os deficientes são livres, inclusive, para estabelecer relacionamentos pessoais entre eles no ambiente da Aldeia.

Além de obter subsídios para estudar novas formas de trazer deficientes no ambiente de trabalho, os integrantes do TRT-2 saíram do local convictos de que há muito a ser feito para incluir deficientes intelectuais e que esse é um trabalho fundamental para derrubar preconceitos e estereótipos, estabelecendo uma sociedade mais justa.


Fonte: Tribunal Superior do Trabalho 2ª Região